Alma, Corpo, Corporeidade: Reflexões Fenomenológicas

2015, V.71, N.1 • Revista Portuguesa de Filosofia

Autor: Luciano Donizetti Da Silva

Resumo:

A filosofia contemporânea nasce de um intrincado debate com a filosofia moderna, da qual se ressalta neste artigo Descartes, Hume e Kant; mas o ponto alvejado tem raízes bem mais profundas, no nascimento mesmo da Filosofia: com Sócrates e Platão, gerando consequências nefastas no período medieval. Com o intuito de fundar o papel ético-social do filósofo na cidade, Sócrates entende o corpo como secundário em relação à alma. Platão, com vista a superar a aporia sofística relativa à aquisição do conhecimento, radicaliza essa ideia, que marcará a Idade Média, nos planos teórico e prático. Na filosofia moderna encontram-se, considerando as diferenças entre racionalismo, empirismo e criticismo, variações do mesmo princípio: o corpo é secundário em relação à alma (mas, agora, considerada como consciência, entendimento ou razão). A fenomenologia, tónica da contemporaneidade, inaugura uma compreensão diametralmente oposta a essa: trata-se de acabar com a ‘soberania’ da alma ou, mesmo, da separação entre essa e o corpo. A possibilidade de descrever a existência humana em toda sua riqueza enquanto corporeidade é o tema deste artigo. 

Abstract:

The contemporary philosophy was born of an intricate debate with modern philosophy, namely with Descartes, Hume and Kant; but the roots of this question goes much deeper unto the birthplace of the philosophy, i.e., with Socrates and Plato, resulting in the generation of adverse consequences in the Medieval Period. In order to establish the ethical and social role of the philosopher in the city Socrates understands the body as secondary to the soul. To overcome the problem concerning the acquisition of knowledge as advanced by Sophists, Plato proposed a more radical version of this idea. The idea will mark the Middle Age, both at the theoretical and practical level. Later, even considering the differences between Rationalism, Empiricism and Epistemological Criticism, variations of the same principle appear: the body is secondary in relation to the soul ( conscience, understanding, reason). Phenomenology inaugurates a diametrically opposite understanding: it signifies the end of the ‘supremacy’ of the soul or, even, the separation between soul and body. This article seeks to describe human existence in its full dimensions as corporality. 

ISSN: 0870-5283; 2183-461X

DOI: http://doi.org/10.17990/RPF/2015_71_1_0081

Texto Completo: https://www.publicacoesfacfil.pt/product.php?id_product=566

Palavras-Chave: alma,corpo,Corporeidade,ser-no-mundo,Being in

Revista Portuguesa de Filosofia

A Revista Portuguesa de Filosofia (RPF) foi fundada em 1945 por Domingos Maurício, SJ; Cassiano Abranches, SJ; Severiano Tavares, SJ e Diamantino Martins, SJ. É uma publicação trimestral da Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia.

A RPF, sendo de inspiração cristã, tem por missão a publicação de artigos inéditos de reconhecido mérito, aceitando textos de qualquer horizonte de pensamento, em qualquer área de filosofia, escritos nas principais línguas europeias (português, inglês, francês, alemão, espanhol e italiano). Todos os artigos são revistos inter pares (peers review), mediante o sistema de avaliação anónima (double-blind).

Os artigos publicados na RPF são indexados e referenciados pelas seguintes bases de dados e repertórios bibliográficos: The Philosophers's Index (Ohio, USA); International Philosophical Bibliography / Répertoire Bibliographique de la Philosophie (Louvain, Bélgica); Francis-Bulletin Signalétique (CNRS, INIST - França); Ulrich's International Periodicals Directory (New York, USA); Internationale Bibliographie Geistes und Sozialwissenschaftlicher Zeitschriftenliteratur (IBZ - Alemanha); Dialnet (Logroño, Espanha); JSTOR (Michigan, EUA).