Da natureza à cultura: o problema da proibição do incesto na antropologia de Rousseau
v. 44 n. 1 (2021) • Trans/Form/Ação: Revista de Filosofia da Unesp
Autor: Mauro Dela Bandera
Resumo:
A dicotomia mundo físico/mundo moral é característica do século XVIII francês. Refere-se às dimensões biológicas naturais e às dimensões morais do homem. Muitos autores do Iluminismo desejaram retraçar a história conjectural ou as metamorfoses sucessivas que levaram à passagem do homem físico para o homem moral. Essa temática se faz também presente na obra de Rousseau, sendo percebida e traduzida por Lévi-Strauss como a passagem da natureza à cultura. A hipótese desenvolvida neste artigo é de que a inscrição da interdição do incesto - presente na obra de Rousseau - ocupa uma função e uma significação muito próximas das reflexões de Lévi-Strauss, observadas nas Estruturas elementares do parentesco. Como em Lévi-Strauss, essa proibição marca para Rousseau o início do processo de formação cultural, o instante fundador da cultura. Ela explicita de maneira privilegiada o ponto por meio do qual os processos culturais se distinguem da esfera natural, o momento em que o homem deixa de seguir o mero instinto e passa a respeitar princípios morais construídos socialmente.
Abstract:
The dichotomy of the physical/moral world is characteristic in the French eighteenth century. It refers to the natural biological dimensions and moral dimensions of man. Many authors of the Enlightenment wished to retrace the conjectural history or the successive metamorphoses that led to the passage of the physical man to the moral man. This theme is also present in the work of Rousseau, being perceived and translated by Lévi-Strauss as the passage from nature to culture. The hypothesis we develop in this article is that the prohibition of incest - present in Rousseau’s work - has a function and a signification very close to the reflections of Lévi-Strauss present in the Elementary Structures of Kinship. Like in Lévi-Strauss, this prohibition marks for Rousseau the beginning of the process of cultural formation, the founding instant of culture. It expresses in a privileged way the point by which cultural processes are distinguished from the natural sphere, the moment in which man stops following his mere instinct and begins to respect socially constructed moral principles.
ISSN: 1980-539X
DOI: https://doi.org/10.1590/0101-3173.2021.v44n1.21.p293
Texto Completo: https://www.scielo.br/j/trans/a/7KjFwFWbWphqqMfDgz73FZH/?lang=pt
Palavras-Chave: Natureza; Cultura; Proibição do incesto; Rousseau; Lévi-Strauss
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