Reminiscência e alma remêmora no Fédon de Platão

v. 44 n. 4 (2021) • Trans/Form/Ação: Revista de Filosofia da Unesp

Autor: Rodolfo José Rocha Rachid

Resumo:

Pretende-se analisar o estatuto ontológico e epistemológico da alma cognitiva, no Fédon de Platão, a fim de evidenciar sua capacidade inata concernente à memória e à reminiscência, para a constituição da teoria platônica das Formas. Para esse propósito, visa-se a demonstrar que a atividade escrita de Platão ressalta a coexistência entre o discurso figurativo e o discurso racional, na qual ele desenvolve a dialética entre os gêneros sensível e inteligível. Assim, na primeira seção, a pesquisa escrutina a expressão mathésis anámnesis, o aprendizado é recordação, atestada previamente no Mênon e no Fédon, como condição epistemológica fundamental para adquirir o conhecimento das ideias. Na seção seguinte, almeja-se explicar como a posse de uma sabedoria numinosa pela alma remêmora estabelece uma forma original de saber, que não pode ser adstrita em limites humanos, requerendo, para seu entendimento, uma nova abordagem hermenêutica, a qual se denomina hermenêutica cultual. Por fim, demonstra-se, na última seção, que o escopo fenomenológico do mito prevê uma semântica da visibilidade, pela qual Platão descreve a genuína natureza do logos filosófico, representado no encômio socrático da meléte thanátou.

Abstract:

I intend in this article to analyze the epistemological and ontological statute of cognitive soul on Plato’s Phaedo in order to clarify its innate ability concerning memory and reminiscence for the constitution of platonic theory of Forms. My purpose here is to demonstrate that Plato’s written activity points out the coexistence between figurative discourse and rational discourse, by which he conceives the dialectic between sensible and intelligible genders. Hence, in the first section the research scrutinizes the expression mathésis anámnesis, learning is recollection, observed preliminarily on Meno and Phaedo, as the main epistemological condition to achieve the knowledge of ideas. In the next section I aim to explain how the possession of a numinous wisdom by a reminiscent soul stipulates an original kind of knowing, that cannot be restricted in human boundaries, requiring, for its understanding, a new hermeneutic aproach, which I called cultual hermeneutic. At least, in the last section I will demonstrate that the phenomenological scope of myth foresees a semantic of visibility, by which Plato describes the genuine nature of philosophical logos, represented properly in the socratic compliment of meléte thanátou.

ISSN: 1980-539X

DOI: https://doi.org/10.1590/0101-3173.2021.v44n4.26.p327

Texto Completo: https://www.scielo.br/j/trans/a/nbMY8CvbK8VsdvJrypYRXxf/?lang=pt

Palavras-Chave: Teoria das Formas; Ontologia; Epistemologia; Alma remêmora; Discurso mítico

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