A utopia do mínimo que resta: o lance dos lances do velho Haroldo

Viso · Cadernos de estética aplicada N° 21 • Viso: Cadernos de Estética Aplicada

Autor: Henrique Estrada

Resumo:

O artigo analisa o modo como Haroldo de Campos (1929-2003), em sua obra crítica e poética, pensou o problema da utopia. Três são as hipóteses deste texto: a) o problema da utopia assumira dimensão central, nos anos 1980 e 1990, a partir do seu livro Deus e o Diabo no Fausto de Goethe, publicado em 1981; b) o modo como Goethe elabora o conceito de “enteléquia”, relido por Campos (em chave analítica) no livro supracitado e (em chave metafórica) em poemas como “Opúsculo goetheano”, sugere o caminho pelo qual Campos repropõe a utopia num mundo, paradoxalmente, “pós-utópico”; c) essa reproposição teria produzido, em sua obra tardia, uma especial articulação entre “envelhecimento” (o próprio envelhecimento, bem como o do antigo pathos iconoclasta) e “revivescência” (a capacidade de perfazer, transformando, a antiga força ativa e criativa – a própria e a das utopias).

Abstract:

The current article seeks to understand the ways Haroldo de Campos (1929-2003), in his critical and poetic work, considered the problem of utopia. This paper works around the proposal of three hypotheses: a) that the problem of utopia had assumed a central dimension in Campos’ works during the 1980’s and 1990’s, starting from his book God and the Devil in Goethe’s Faust, published in 1981; b) that the way Goethe elaborates the concept of “entelechy”, read by Campos (in an analytical key) in the above-mentioned book and (in a metaphorical key) in poems like “Goethean Opuscule”, suggests the way in which Campos reposits utopia in a world which is, paradoxically, “post-utopian”; c) that this repositing would have produced in Campos’ later work a special articulation between “aging” (aging itself, as well as that of the old iconoclastic pathos) and “revival” (the capacity to accomplish and transform the ancient active and creative force – of itself and that of the utopias).

Texto Completo: http://revistaviso.com.br/visArtigo.asp?sArti=229

Palavras-Chave: Haroldo de Campos, utopia , entelechy

Viso: Cadernos de Estética Aplicada

viso s.m. 1 modo de apresentar-se, aparência, aspecto, fisionomia 2 sinal ou resquício que deixa entrever algo; vestígio, vislumbre 3 recordação vaga; reminiscência 4 modo de ver, opinião, parecer 5 o cume de uma elevação, monte ou montanha 6 pequena colina, monte, outeiro 7 obsl. o órgão da visão, a vista. ETIM lat. visum ‘visão, imagem, espetáculo’.